Indígenas ocupam plenário da câmara e aderem ao movimento do passe livre

Grupo explicou que o objetivo não é ficar acompanhar na câmara, mas querem que suas reivindicações sejam ouvidas

  • Alexandre Duarte

Na manhã desta quarta-feira (24), cerca de 20 indígenas da Aldeia Bororó ocuparam o plenário da Câmara Municipal de Dourados. O grupo, composto por adultos e crianças, aderiu ao movimento do passe livre e também pedem melhorias na infra-estrutura das aldeias do município.

Inicialmente os indígenas chegaram ao legislativo municipal imaginando que o passe livre seria apenas para os universitários, mas logo representantes do MPPL (Movimento Popular Pelo Passe Livre), explicaram que as reivindicações são para toda a população.

Após os esclarecimentos iniciais o grupo se reuniu com universitários para debater sobre as necessidades dos indígenas. Segundo o cacique Aniceto Velasques, as aldeias não precisam somente do passe livre, necessitam primeiramente de linhas de ônibus regulares, pois até o momento, segundo ele, a empresa que explora setor não presta o serviço nas áreas indígenas, fato que dificulta a locomoção principalmente dos estudantes e trabalhadores, que nos períodos chuvosos chegam a passar uma semana isolados.

Segundo outra liderança, Ambrósio, um dos maiores problemas da comunidade é a falta de voz e de representatividade. Segundo ele os políticos se afastam quando os indígenas tentam se aproximar.

Já a indígena e agente de saúde Priscila, 51 anos, disse que as casas populares construídas nas aldeias são de péssima qualidade, não foi feito acabamento e as construções estão caindo. Ela disse também que a situação é mascarada pela administração municipal, que tenta ocultar as mazelas indígenas.

A representante do MPPL, a universitária Ana Claudia, afirmou ser inadmissível o fato dos trabalhadores e estudantes indígenas não terem acesso ao transporte público. Ela falou ainda que o passe livre seria de grande valia para estas comunidades, que já sofrem com a falta de diversos outros serviços, logo, o passe livre seria uma maneira de ajudar a integrar e tirar os indígenas da marginalização.

O cacique Velasques ainda convidou os membros do MPPL para conhecer as comunidades indígenas, para conferirem de perto todos os problemas enfrentados por esta camada da população.

Os indígenas deixaram claro que o objetivo não é permanecer na câmara como os manifestantes. Eles explicaram que o ato desta manhã visa apenas mostrar que eles existem e que também precisam que suas reivindicações sejam ouvidas.