Projeto de Délia chega à Câmara para rever 'situações esdrúxulas' do PCCR

Prefeita de Dourados alega crise financeira e quer limitar pagamento de incentivo por capacitação dos servidores municipais

Prefeita Délia Razuk quer alterar planos de cargos e carreiras do funcionalismo público que ela mesma aprovou quando era vereadora (Foto: André Bento)
Prefeita Délia Razuk quer alterar planos de cargos e carreiras do funcionalismo público que ela mesma aprovou quando era vereadora (Foto: André Bento)

A prefeita Délia Razuk (PR) enviou à Câmara de Vereadores projeto com objetivo de altear todos os PCCR's (Planos de Cargos, Carreiras e Remunerações) do funcionalismo público de Dourados. Embora ela própria tenha votado favorável a esses projetos no ano passado, quando era vereadora, agora alega haver na legislação municipal "situações esdrúxulas com grande ônus ao erário público por comprovação de cursos absolutamente irrelevantes ao serviço público".

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Na prática, o Projeto de Lei Complementar número 11/2017, protocolado sexta-feira (29) no Palácio Jaguaribe, a sede do Legislativo, visa limitar o incentivo de capacitação pago aos servidores municipais a no máximo 15% do vencimento base (5% para especialização, 10% mestrado e 15% doutorado). Sob a justificativa da necessidade de economizar dinheiro, a prefeita de Dourados pontua que "é preciso considerar que a elevação do grau de instrução também atenda o interesse da administração pública".

CURSOS IRRELEVANTES

"A nova política remuneratória originada nos planos gerou acréscimos à folha de pessoal, bem assim no adicional e capacitação. Tal adicional é devido sempre que o servidor adquirir educação formal superior a exigida para o cargo de que é titular. Todavia, pretende o presente projeto que referido adicional fique limitado ao máximo de 15%, sobre o vencimento base, respeitando o limite de apenas uma, graduação ou titulação por tipo de escolaridade, e ainda, observada a compatibilidade com as funções que exerce o servidor", detalha a justificativa da proposta.

A alteração proposta pela prefeitura é extensiva a todos os PCCR's, independente do setor de atuação do funcionário público municipal. "A medida se impõe, pois da forma como se apresenta a lei atualmente, pouco importa o tipo de capacitação do servidor para fazer jus ao adicional, de modo que se evidenciam situações esdrúxulas com grande ônus ao erário público por comprovação de cursos absolutamente irrelevantes ao serviço público", reforça o texto do projeto de lei complementar.

VERBAS INDENIZATÓRIAS

Para não contrariar entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), a proposta da prefeita indica que a limitação de no máximo 15% de gratificação por capacitação valerá somente para quem ainda não obteve o direito. Ou seja, servidores já beneficiados com os índices em vigor não poderão ter perdas de ganhos, como preceitua a própria Constituição Federal.

Outra proposta que integra o projeto enviado ao Legislativo na sexta-feira visa adequar a redação do inciso XI do artigo 9º da Lei Complementar 310/2016, "para corrigir o conceito de remuneração, retirando do somatório deste as verbas indenizatórias ou acessórias, posto que dada a natureza destas, que sequer são tributadas na folha de pagamento, a lei apresenta um equívoco de as integrando como remuneração que não são (sic)".

Mais uma vez, Délia usa como argumento a crise financeira enfrentada pelo município. Conforme o projeto por ela enviado à Câmara, "atualmente o índice [de comprometimento da arrecadação líquida municipal com] pessoal é de 53,55% no último quadrimestre, (agosto/2018), com previsão de ultrapassar os 54% até o final do exercício [financeiro deste ano]".

MAGISTÉRIO

Educadores de Dourados deflagraram greve no dia 21 de agosto (Foto: Simted/Divulgação)
Educadores de Dourados deflagraram greve no dia 21 de agosto (Foto: Simted/Divulgação)

Apesar de enfrentar desde o dia 21 de agosto a greve dos educadores, a gestão Délia Razuk também pretende rever o PCCR dessa categoria. Sobre o projeto enviado na gestão passada à Câmara e por ela aprovado em 2016, a ex-vereadora e agora prefeita diz haver desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.

"Assim, não sendo financeiramente possível à administração municipal suportar o impacto de aumento de gasto a ser proporcionada pela Lei Complementar nº 267/14, no tocante ao incremento em 1º de outubro próximo de 1/4 da diferença entre o piso nacional do magistério para 40 horas semanais e o piso municipal para 20 horas, e assim sucessivamente para os próximos três anos, imprescindível se faz o condicionamento do pagamento das parcelas ao recebimento dos recursos oriundos da receita do pré-sal, previstas na Lei nº 3.695 de julho de 2013, como meio de manter a mínima sustentabilidade das finanças públicas municipais", propõe.


Comentários
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  • Ellem

    Ellem

    Infelizmente joguei meu voto no lixo!

  • Leonardo Freitas Nunes

    Leonardo Freitas Nunes

    A prefeita esta absolvendo os discursos da crise imposto pelos golpistas, a sociedade não pode esquecer que estamos vivendo em um momento de retrocesso nos direitos. Por outro lado as grandes corporações continuam multiplicando seus lucros e patrocinando campanhas de políticos corruptos. Se a classe trabalhadora não forem para as ruas, a tendência e piorar.

  • Sandra

    Sandra

    Senhores vereadores não se esqueçam que muitos dos que votaram nos senhores são servidores públicos. O PCCR foi aprovado porque foi feito vários estudos e comprovado que tinha condições de ser implantado. Não foi uma coisa aleatória feita na surdina. Não venham agora com essa conversa fiada de falta de recursos. O que está faltando é pessoas com capacidade para gerir esses recursos no interesse da população. E quando digo população estou incluindo também os senhores vereadores e os servidores públicos que também que fazem parte da população.

  • VIANEI PAULO BALZ

    VIANEI PAULO BALZ

    A dona Delia não pode mandar os comissionados embora porque foram eles que injetaram dinheiro na campanha dela então de alguma maneira eles prescisam ser reembolsado com o nosso dinheiro, e os vereadores não querem perder seu dinheiro fácil por isso a apoiam. Só não entendo como em 9 meses de mandato a crise se agravou tanto. Ou será que voltamos a administração de um antigo prefeito onde a saúde, educação entre outros setores terão que pagar os empréstimos tomados em campanha eleitoral.

  • Rafael

    Rafael

    Só queria saber de onde ela era vereadora porque todos os projetos que foram aprovados com questão pccr ela participou e agora tá contestando sinal que não analisou corretamente e sim o fez por questões eleitorais... Quando ela assumiu a primeira vez ela deu reajuste salarial para todos, o Murilo na época também contestou Esse aumento até tentou barrar mas sem sucesso e assumiu a bronca e agora que ele fez o mesmo mas ela sendo vereadora na época aprovou o PccR e agora como prefeita tá querendo nos tirar muito irônico essa situação

  • Luis

    Luis

    Reforçando o que a Valesca mencionou, está mais que demorada a exoneração dos funcionários contratados e comissionados. Todos os que passaram no último concurso aguardam ansiosamente para assumir sua devida função. Ah, quanto à formação profissional, com certeza não condiz fazer uma pós em educação ambiental se minha formação é seguridade social. Povo precisa ter um pouco mais de senso. Reclamar é bom, pode ser efetivo, pode causar mudanças mas o bom senso deveria prevalecer.

  • Valesca

    Valesca

    Porque a prefeita não reduz os cargos comissionados e os contratados que mesmo após a chamada do concurso, não diminuiu?

  • Enderson Sergio Bannwart

    Enderson Sergio Bannwart

    Poderiam começar revendo seus próprios salários. Falam sempre em reavaliar os salários do funcionalismo e esquecem de suas próprias regalias. Esses covardes não deveriam representar o povo. Vergonha da administração da nossa Dourados. Ademais, querem poupar para poderem roubar mais.

  • Ze

    Ze

    Dor de cotovelo eim Felipe. Vc deve ser um DGA que perdeu a teta. Estuda que vc vira servidor público

  • toninho

    toninho

    Cada povo tem o governo que merece e nao reclamem pela ingovernabilidade municipal.

  • Júnior silva

    Júnior silva

    Crise financeira com o tanto q o município arrecada, se n da conta de administrar vaza.

  • Felipe

    Felipe

    musiquinha no ritmo do Braz Melo.Eu vou votar na Délia, vou, vou, vou. Eu vou votar na Délia, vou, vou, vou.É a mamãe queridinha de Todo o Servidor.Vai Servidor Público, vota mais uma vez na D. Délia.

  • Ailton morais

    Ailton morais

    Uma cidade onde se recolhe tanto em impostos,falar em crise,onde vamos parar?um funcionário faz uma faculdade,enfrenta todas as dificuldades e depois de tanta luta saber que pode perder um direito seu.Agora que vamos saber ou conhecer os "vereadores"em que votamos,pois temos vereadores semi-analfabetos ocupando uma cadeira no legislativo....até parece que estão preocupados com o direito que os servidores públicos estão prestes a perder.Teria que ser feito um levantamento à questão da graduação de cada funcionário,e não simplismente tirar o direito do mesmo.CADÊ O NOSSO MINISTÉRIO PÚBLICO.

  • Leandro

    Leandro

    Aí que saudade do Murilo

  • Ivanir Ferreira Crepaldi

    Ivanir Ferreira Crepaldi

    É muita cara de pau retirar direito do dos servidores para fazer dos cargos públicos cabide de emprego para os cupinchas, pois se fala em crise retirada de direitos,mas a contratação por cargo de confiança aumenta a cada dia. Cadê o dinheiro se antes da aprovação do pccr foi feito o estudo de impacto, sendo possivel a aprovação deppis deste estudo, agora o dinheiro sumiu?!!!Ele não sumiu esta sendo usado por interesse próprio. Para pagar os favores da época da campanha. Não a perca de direitos!!!

  • Santos

    Santos

    É mais fácil fazer isso do que mandar cargos DGA embora...

  • Miiguela generosa Ribeiro

    Miiguela generosa Ribeiro

    Tem que conter despesas cortando cargos comissionádos não tirando direito dos trabalhadores