Nova indústria de celulose já tem planos de expansão e projeto para centro de tecnologia

Implantação da unidade consumiu investimento de R$ 6,2 bilhões

Em entrevista coletiva que antecede a inauguração da fábrica de celulose, o diretor-presidente da Eldorado Brasil, José Carlos Grubisich, confirmou os planos de início imediato de projetos de expansão que irão elevar a produção inicial de 1,5 milhão de toneladas anos para 5 milhões em 2021. O empresário também anunciou que será construída na região - não necessariamente em Três Lagoas – um centro de tecnologia para desenvolvimento de novas variedades de eucalipto.

Grubisich disse que a fábrica que foi construída no município sul-mato-grossense  é “uma empresa que tem a ambição de ser a nova referência, o novo paradigma na produção de celulose no Brasil e no plano internacional”. Para atingir essa meta, a unidade fabril conta com o que há de mais moderno em engenharia, mecânica e leiaute.

Para o presidente da indústria que coloca Mato Grosso do Sul e Três Lagoas como destaques na produção mundial dessa matéria-prima, alguns pontos são fundamentais nesse empreendimento. O primeiro é a autossuficiência de energia elétrica – a fábrica vai gerar a própria energia a partir da biomassa e ainda terá insumo para vender. Os 220 MW gerados seriam suficientes para abastecer uma cidade como Campinas ou Curitiba.

Outro ponto de destaque é que a fábrica tem, no ramo industrial da celulose, o menor consumo de produtos químicos, comparados a outras.

Expansão

A implantação da unidade consumiu investimento de R$ 6,2 bilhões e, conforme o diretor-presidente, já existe plano de expandir a capacidade atual de 1,5 milhão de toneladas/ano para 1,6 milhão em 2014; para 1,7 milhão em 2015, e “a partir de amanhã já começa o trabalho para viabilizar o segundo programa, para uma unidade que possa operar a partir de 2017”. Os investimentos continuarão progressivos até 2021, atingindo a produção de 5 milhões de toneladas.

Em busca de ser referência em competitividade e sustentabilidade, a Eldorado irá criar um Centro de Tecnologia Florestal na região do Bolsão, em município a ser ainda definido. “Isto é para que comecemos a desenvolver novas variedades de eucaliptos, colocar novas variedades disponíveis e, com isso, ganhar produtividade e competitividade”.

José Carlos Grubisich apontou ainda como pontos importantes a qualidade das pessoas que trabalharam desde o início no projeto, e que ajudaram a construir a unidade em tempo recorde de dois anos. “Quer dizer é um marco. O Brasil vive regime de pleno emprego, não é fácil mobilizar 15 mil pessoas para trabalhar num projeto como esse, e conseguimos vencer o desafio”, afirmou.

Mesmo nessa fase inicial, as condições de operação já são consideradas excepcionais, e a qualidade da celulose produzida atende às especificações internacionais. “Já começamos a embarcar para os clientes brasileiros. Até o fim do mês, embarcamos para a Ásia, e em seguia para os Estados Unidos e Europa”, revelou o empresário. De toda a produção, 90% vai ser vendida no mercado internacional.

Gás

Uma novidade é que já existe para a fábrica um plano de até o fim do ano que vem ter o gás natural em substituição ao óleo combustível. “O gás vai aumentar a competitividade e a sustentabilidade. Cai o custo de produção e o impacto ambiental”, resumiu Gubisich, revelando que a Eldorado dispõe de contrato firmado com a empresa estadual MS Gás, que tem o compromisso de construir o ramal ligando a linha principal do gasoduto até a indústria.

Social

A empresa também assegura que irá implantar um programa de investimento em infraestrutura social na região, incluindo as cidades de Três Lagoas, Selvíria, Inocência e Aparecida do Taboado, com previsão de R$ 25 milhões a serem aplicados em dois anos. Os detalhes ainda estão sendo fechados, mas o presidente da Eldorado, que chama o investimento de “contrapartida de natureza social”, citou que deve incluir melhoria de hospitais, creches, escolas, Unidades de Pronto Atendimento. “Eu acho que essa colaboração da empresa com a comunidade vai trazer frutos, e é importante porque fomos recebidos de braços abertos”.

O principal atrativo para a cidade sul-mato-grossense ter recebido o empreendimento foi a combinação de disponibilidade de terras e a existência de uma cultura do trabalho com o eucalipto aliada à logística para chegada de matéria-prima e escoamento da produção.

Na entrevista coletiva, em que detalhou a origem do investimento de R$ 6,2 bilhões para concretização do negócio, José Roberto Grubisich também citou que, da parte do governo do Estado, a parceria veio através do programa de incentivos fiscais.