'Choque elétrico' pode ser usado antes contra depressão, diz estudo

Com impulsos elétricos mais leves que os utilizados no começo do século XX, a eletroconvulsoterapia (ECT) poderia ser considerada já na terceira rodada de tratamento para a depressão (quando outros dois medicamentos já falharam). A conclusão é de pesquisa publicada nesta quarta-feira (9) no "JAMA Psychiatry".
O método hoje é utilizado muito tarde e diminui as chances de remissão da doença, consideram pesquisadores. Eles salientam, contudo, que a escolha do tratamento para a depressão é pessoal e deve ser tomada pelo paciente, a partir de sua experiência, juntamente com as opções médicas disponíveis.
O trabalho, feito pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, revisou outros estudos sobre o tema. Pesquisadores escolheram trabalhos conceituados para chegar à uma conclusão sobre o custo-benefício da terapia.
Resultado: a eletroconvulsoterapia surtiu mais resultado naqueles pacientes que tentaram duas outras terapias sem sucesso. Se considerada muito tarde ou após muitos anos, as chances de remissão completa (quando o paciente fica livre da doença), diminuem.
Pesquisadores também avaliam que pacientes com sintomas resistentes tentam tratamentos por quatro anos; no entanto, continuam a apresentar sintomas da depressão.
Se adotarem a eletroconvulsoterapia mais cedo, consideram esses pesquisadores, esses pacientes poderiam ficar livres dos sintomas em dois terços do tempo.
Outros achados do estudo:
- A terapia de fala combinada com antidepressivos deve ser a primeira opção de tratamento;
- Eletroconvulsoterapia não deve ser a primeira opção;
- Pacientes que tentaram um antidepressivo devem tentar outro medicamento;
- Após duas tentativas de tratamento, a eletroconvulsoterapia deve ser considerada.
A pesquisa mostrou que, atualmente, pacientes recebem eletroconvulsoterapia após tentarem cinco a sete antidepressivos. Ainda, estudo feito em 2011 mostrou que 0,16% dos pacientes com depressão receberam ECT nos EUA. Evidências sugerem que metade dos paciente que experimentam ETC tem alívio imediato e completo -- circunstância conhecida como remissão. Depois de um ano, no entanto, um terço deles recaem e voltam a apresentar sintomas.