Líder do tráfico mora em MS e usava conta bancária da esposa, diz PF

Mulheres de traficantes foram levadas à delegacia da PF para prestarem esclarecimentos

Droga produzida no Paraguai tem no Mato Grosso do Sul o entreposto usado pelos traficantes para espalha-la pel... (Foto: Divulgação/PF)
Droga produzida no Paraguai tem no Mato Grosso do Sul o entreposto usado pelos traficantes para espalha-la pel... (Foto: Divulgação/PF)

A Operação Cavalo Doido, deflagrada nesta sexta-feira (4) pela PF (Polícia Federal) prendeu um morador de Mato Grosso do Sul que chefiava um gigantesco esquema de tráfico de drogas. Com movimentação estimada em R$ 1 bilhão, a quadrilha recorria às contas bancárias das esposas de traficantes para fazer as transações financeiras necessárias para manutenção do lucrativo crime internacional. Não foram divulgados nomes dos acusados.

Enviado a Ponta Porã, o delegado James Sales, que atua na Superintendência da PF em Goiás, informou que a organização criminosa desmantelada hoje tinha braços em Mato Grosso do Sul, Paraguai e Goiás. “Consistiam em produzir a droga no Paraguai, embalar e transportar da maneira como cavalo doido para Goiás”, esclareceu. Nesse caso, segundo ele, os traficantes usam carros clonados, roubados ou irregulares para traficar grandes quantidades de entorpecentes de maneira improvisada, com veículos adulterados para manter apenas o banco do motorista.

“O articulador principal residia no Mato Grosso do Sul. Ele foi preso e até a esposa dele foi conduzida para ser ouvida porque ele utilizava também as contas bancárias e até o telefone dela para fazer a movimentação financeira e o tráfico. Por essa razão, duas das esposas desses traficantes foram conduzidas coercitivamente para delegacia para serem ouvidas, em razão da utilização de suas contas, para que elas expliquem se sabiam, se estavam de comum acordo, saber o envolvimento delas”, informou o delegado.

OPERAÇÕES SIMULTÂNEAS

No caso da Operação Cavalo Doido, os mandados cumpridos em território sul-mato-grossense foram todos em Ponta Porã. Em Dourados, que também teve ação da PF nas primeiras horas do dia, as prisões foram referentes à Operação Argus, deflagrada pela Superintendência do Rio Grande do Sul; nos dois casos, os alvos eram traficantes.

Quanto à Cavalo Doido, a PF estima que a quadrilha desmantelada tenha sido responsável por uma movimentação financeira de R$ 1 bilhão. “É a soma da movimentação financeira desde a plantação, porque tem valor agregado. Você planta ela em um preço. Depois é vendia no Paraguai e entra na fronteira com outro preço. Quando chega a Brasília e São Paulo o preço chega a 10 vezes mais. Foi levantado por alto R$ 1 bilhão”, pontuou o delegado James Sales.

ENTREPOSTO DO TRÁFICO

Mato Grosso do Sul é apontado pelas autoridades de segurança pública como entreposto do tráfico internacional de drogas. Conforme a PF, na Operação Argus foi combatida uma quadrilha que, com elementos também em Dourados, utilizava o Estado para o ingresso das drogas produzidas no Paraguai e destinadas ao Rio Grande do Sul.

Já em referência à Cavalo Doido, também de acordo com os federais, a maconha produzida em território paraguaio partia da fronteira com Ponta Porã até grandes centros do país. “Nome da operação se deve ao elemento, forma como a organização criminosa transportava essa droga para os Estado de Goiás, Tocantins, Distrito Federal e Pará. Eles pegavam os veículos, retiravam os bancos, enchiam de drogas, ficava só o espaço para os motoristas e saiam daqui da região de fronteira em direção ao Estado de Goiás para uma viagem como se fosse uma corrida maluca. Eles não paravam porque os veículos geralmente eram clonados, roubados ou finans, que são veículos financiados e não pagos, revendidos por terceiros”, explicou Sales.

PLANTAÇÕES DESTRUÍDAS

O delegado enviado de Goiás até Ponta Porã lembrou que essa operação conseguiu identificar que essa organização criminosa já estava com plantações dentro do território paraguaio. “Isso culminou também na Operação Nova Aliança que foi a erradicação dessas plantações de maconha no território paraguaio”.

Coordenador-Geral de Polícia de Repressão às Drogas da Polícia Federal, o delegado Cassius Valentin Balderi ressaltou a troca de informações de inteligência na fronteira. Segundo ele, durante a Operação Cavalo Doido as investigações identificaram pontos de plantio ilícito no Paraguai. As informações foram passadas à Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai que fez a erradicação de plantio ilícito no país vizinho.  

PATRIMÔNIO DO CRIME

“Nos últimos anos a Polícia Federal está focando no patrimônio das organizações criminosas. As duas operações [Cavalo Doido e Argus] tiveram viés no patrimônio da organização criminosa. Objetivo atingir não simplesmente a apreensão de drogas, mas também focar o patrimônio para desarticular quem estiver atuando no tráfico de drogas”, afirmou.

Comandante das forças especiais da Senad, o capitão Oscar Chamorro reforçou que o combate ao tráfico internacional de drogas é uma responsabilidade compartilhada entre Brasil e Paraguai. “É um esforço contínuo de largo tempo que está dando seus frutos positivos na luta contra o narcotráfico. A interação nas operações está altamente positiva, não somente operações de plantação no Paraguai, como troca de informações certeiras. Informações captadas pelas forças de inteligência da Polícia Federal são transmitidas para as forças especiais do Senad estamos localizando para destruição das plantações”, revelou.

Segundo o comandante, a destruição de 67 toneladas de maconha na 1ª fase da Operação Nova Aliança, 162 hectares de plantações, 103 acampamentos, um total de 553 toneladas de maconha, fez com que os traficantes tenham deixado de obter um lucro estimado em US$ 16.597. “Na operação finalizado hoje temos uma destruição de 27 toneladas, 208 hectares, 52 acampamentos, em total somariam 645 toneladas lucro de 19.434 mil dólares americanos”, destacou. Nesse caso, a estimativa tem por base a cotação de 30 dólares o quilo da maconha no Paraguai.

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